Agitação marítima em Portugal: os "eventos extremos" estão a tornar-se mais frequentes?

É uma pena que em Portugal, ao contrário do que se passa nos EUA e em outros países da Europa, a quantidade de dados meteorológicos e climatéricos disponibilizados livremente na internet seja tão reduzida. Por exemplo, o Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH), que representava uma excelente fonte de dados para diversas finalidades, encontra-se praticamente inutilizável, já que «a manutenção das estações de monitorização automáticas está suspensa desde meados de Março de 2010». Como tal, a própria página avisa que «os dados não são totalmente fiáveis».

Quanto às bóias ondógrafo mantidas pelo Instituto Hidrográfico (IH), embora alguma informação esteja disponível em linha, o volume de dados a que é possível ter acesso é bastante limitado. Ainda assim, é possível visualizar dados de agitação marítima relativos à última década.

Agitação marítima registada pela bóia ondógrafo de Sines (IH).

Agitação marítima registada pela bóia ondógrafo de Faro (IH).

Apesar de o período temporal em análise não ser muito representativo, não é possível identificar qualquer tendência nos gráficos anteriores, tanto para os valores de altura máxima como de altura significativa (correspondente à média do terço superior das alturas de onda). O que reforça a ideia de que, ao contrário do que é repetido pela generalidade da imprensa e certos sectores científicos, no que diz respeito à agitação marítima os eventos extremos não têm vindo a tornar-se mais frequentes. Se os danos provocados por tempestades na costa portuguesa se têm avolumado, isso tem mais a ver com deficiente planeamento e ordenamento do território do que propriamente com alterações climáticas.

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