Precipitação anual em Portugal e as alterações climáticas


Outra afirmação recorrente sobre os efeitos das alterações climáticas em Portugal diz que se regista no nosso país uma tendência de diminuição da precipitação. Isso mesmo foi previsto pelos relatórios do Painel Intergovernamental das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (IPCC) e confirmado pelo grande evangelista português das teorias do "aquecimento global" e das "alterações climáticas", o Prof. Filipe Duarte Santos, que em 2005 escreveu o seguinte:
«Haverá alterações na precipitação com variações espaciais significativas; maior precipitação nas latitudes elevadas e nas regiões equatoriais e menor precipitação nas latitudes médias, em particular na região mediterrânica e do Sul da Europa, onde Portugal se situa. Haverá ainda uma maior frequência de fenómenos climáticos extremos, por exemplo, episódios de precipitação intensa concentrada em intervalos de tempo curtos e períodos de seca»
Será que existe alguma base científica para estas afirmações? Quanto ao aumento de episódios de precipitação intensa em intervalos de tempo curtos, numa dissertação de mestrado apresentada no final de 2008, uma aluna de Engenharia Civil do Instituto Superior Técnico realizou uma análise de tendências em séries de precipitação diária máxima anual, na qual foram analisados dados de precipitação máxima anual referentes a um grande número de estações espalhadas pelo país. Segundo a autora:
«[N]o conjunto das amostras analisadas de precipitações diárias máximas anuais e de precipitações excepcionais, não foi possível identificar inequivocamente tendências ou padrões globais de variação daquelas precipitações que indicassem ou que contradissessem os efeitos atribuídos à alteração climática no âmbito em estudo».
Já relativamente aos valores de precipitação média, em 2000 três investigadores do Instituto do Mar - Centro Interdisciplinar de Coimbra analisaram séries temporais de precipitação correspondentes a nove estações distribuídas pelo país, abrangendo todo o século XX, com o objectivo de identificar tendências nos valores de precipitação média anual em Portugal.
«Em relação à precipitação anual, não foi observada qualquer tendência com significância estatística (pelo menos para um nível de confiança de 90%)».
A conclusão é confirmada pela própria Agência Portuguesa do Ambiente, que na sua página disponibiliza a seguinte informação:
«No Continente, e no que se refere à precipitação, a evolução observada apresenta grande irregularidade e não se verificam tendências significativas no valor médio anual. Contudo, nas últimas décadas observou-se uma importante redução na precipitação do mês de Março, em todo o território».
Tendo em conta os elementos disponíveis e os registos de precipitação existentes, não é possível identificar qualquer tendência relativamente à precipitação anual no nosso país. Ou seja, afirmar que no futuro haverá uma diminuição ou um aumento da precipitação em Portugal é entrar no domínio da astrologia.

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