Henrique Monteiro e a chatice do aquecimento global

O artigo de Henrique Monteiro da última quinta-feira, dia 6 de Fevereiro, passou relativamente despercebido, mas não é todos os dias que um colunista de um órgão de comunicação social de referência como o Expresso quebra o consenso mediático em torno das teorias do "aquecimento global". O tempo está a mudar.

A chatice do aquecimento global
Henrique Monteiro

Costumo dizer, por piada, que o aquecimento global está avariado. Não é que conteste que tem havido nos últimos tempos um aquecimento global, apenas tenho dúvidas se ele é provocado pela ação do homem, nomeadamente pela expedição de CO2.
Eu sei que o tema é polémico, e que eu gosto de me meter por terrenos em que é fácil rebater, tendo em conta o calor das discussões que provoca. Mas, pronto, vou meter-me por mais uma polémica que tende a aquecer mais do que o clima.
Mas primeiro, uma declaração: eu sou a favor de um ambiente limpo. Ainda que isso nada tivesse a ver com o clima, um ambiente limpo é melhor e mais saudável do que um ambiente poluído. Mas esta é outra discussão.
O IPCC (International Panel for Climate Changes) da ONU já mudou a retórica de "aquecimento global" para "mudanças climáticas". Parece-me bem. Porque mudanças climáticas sempre houve e vai haver (muitos cientistas acham que isso se deve primordialmente aos ciclos solares) enquanto o aquecimento global está por provar, nomeadamente neste século XXI.
O mesmo se pode dizer da escassez de petróleo. Desde que sou jornalista que o petróleo está a acabar, não dura 10 anos... e cada vez há mais. Entretanto fizeram-se grandes negócios com as energias alternativas e uma pessoa normal não consegue ler o recibo da EDP.
Não sei o suficiente sobre o assunto para defender uma ou outra posição, mas parece-me que as alternativas ao petróleo não são erradas, tanto mais que Portugal pode entrar nesse jogo, ao contrário do que se passa com o petróleo que manifestamente não tem. Mas isto é uma coisa, outra é o jogo do medo que se tem feito.
Pessoas não ligadas à Meteorologia ou à História desconhecem que houve, historicamente, alterações climáticas brutais e repentinas, sem que houvesse indústria, sem que houvesse sequer homens. O mesmo se pode dizer da extinção das espécies (de que ouvimos sempre dizer que milhares estão em risco, embora, aparentemente, essa seja uma lei da vida e sempre assim tenha sido).
O que está em causa, pois, do meu - já confesso - estranho, descentrado e politicamente incorreto ponto de vista é que o homem tem de estar no centro de tudo. Primeiro achou que era a terra o centro do universo, depois o Sol, depois a Galáxia, depois entendeu que era necessário oxigénio para haver vida... por fim entendeu que está a dar cabo do planeta, como se o planeta não tivesse 'vivido' milhões de anos sem homem. O bicho homem, quando muito, estará a dar cabo das suas condições de sobrevivência. Mas eu nem isso penso.
Continuo a ver estes alertas como extensões do malthusianismo que alertava para o fim dos alimentos quando fôssemos cerca de ¼ da população que somos hoje. Ou como formas de conseguir fundos para negócios e investigações que até podem fazer sentido, mas que recorrem à Comunicação Social como conforto e suporte para as suas teses.
Há quem diga (um professor da Universidade de São Paulo, que pode ser visto aqui ) que tudo isto é mentira e propalado por quem estava ligado aos modelos de guerra termonuclear dos tempos da guerra fria. É uma teoria da conspiração, mas a do IPCC também pouco mais é do que isso. Com o que homem não consegue viver é com esta ideia simples: na maioria das coisas verdadeiramente importantes (incluindo a Economia e as Ciências duras) somos ainda muito primitivos e ignorantes. (Vejam o que o professor da USP diz sobre o que os romanos já discutiam sobre os aquedutos).
É por isso que a tese do aquecimento global se está a tornar uma chatice para quem pôs demasiado calor na sua defesa.

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